quarta-feira, 6 de agosto de 2008

A Borboleta

Sete horas. O despertador anuncia um novo dia, ainda que tardiamente. O sol já se levantou. Lá fora, ruídos de carros, ônibus e o movimentar nas ruas dos apressados e ainda meio sonâmbulos. Eu aqui dentro a passos lentos. A rotina se apodera de mim. Pesa em mim. Percebo que é mais um dia de trabalho. Preciso apressar-me. Chuveirada quente me faz despertar. Despertar para uma vida que pulsa em mim. Penso silenciosamente. Me arrasto como um bicho preguiça. Ao sair do banheiro surpreendo-me com uma visita inesperada. Uma borboleta aproveita-se da varanda aberta e silenciosamente e imóvel, fica a bisbilhotar a minha intimidade. Nem me dei conta direito! Volto ao meu ritual. E ela lá, a borboleta, que num colorido entre tons de azul, verde, branco e amarelo, desconcentra-me. Logo eu, que sou tão ritualístico. Mas a borboleta lá, parecendo querer me mostrar que a leveza do ser se constrói a cada amanhecer. Antes cazulo, hoje essa liberdade das horas. E eu aqui, preso à minha própria liberdade.

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