quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Palavras e suspiros e Dom Casmurro

Conversando com um amigo esses dias, trocando figurinhas a respeito da construção do meu blog, ele sugeriu que eu colocasse textos mais atuais e deixasse de ser, diríamos, tão melancólico, no bom sentido da palavra. Disse-me que o que escrevo ta muito bom, mas que gostaria de ler contos que falem do nosso dia a dia, do presente. Concordei. No entanto, digo que não somos feitos só do presente, mas de passado e futuro. O passado nos dá a exata noção de tudo. Do tempo que corre cada vez mais depressa como se fugisse de alguma coisa, do envelhecer, do crescimento, amadurecimento. Das lembranças, as boas e as nem tão boas assim. Não se pode fechar os olhos, com ar de indiferença, para essa conjugação verbal que se apodera de tudo. Seria inútil. É inútil. Nessa tentativa, teríamos que rasgar todas as fotos, quebrar todos os porta-retratos, usar uma borracha para apagar as memórias. Ainda assim, seria inútil. Passado tem cheiro, cor, vibração, vida própria. O blog tem essa intenção mesmo, de ser essa memória, de registrar ou de se fazer lembrar, não deixando, no entanto, de trazer coisas atuais, novas, nem mesmo de lançar olhares para o fututo, belo, incerto e atraente. Palavras e suspiros é isso. É o todo, mas que pode ser um instante, um sorriso. É um lugarzinho que criei para me reinventar. Como se pode ler em Dom Casmurro, obra de Machado de Assis, "Para preencher a vida pacata, Dom Casmurro resolve contar suas lembranças, isto é, atar as duas pontas da vida, a adolescência e a maturidade.