sábado, 8 de novembro de 2008

Ainda lembro

Saudades todos nós sentimos. Seja ela qual for e como for ou de quem for. Saudades da infância, das travessuras, dos primeiros amigos de verdade, é um tipo de saudade, eu diria, que não dói, ela vem e repousa na frágil memória como uma folha que cai suavemente do galho e se acomoda no chão. E mais uma cai e mais outra... Às vezes numa dessas horas sem ter o que fazer me pego pensando em amigos que não vejo há muitos anos, em tempos que, hoje, existem só na lembrança. Ai vem aquela sensação ou o desejo de como seria bom se pudéssemos voltar no tempo. Recordar é reviver. Me lembro nesse momento, de uma mulher que passava pela minha rua no final da tarde puxando alfinin. Como ela era esperada! Alfinin, pra quem não conhece, é um tipo de doce feito do mel da cana-de-açúcar misturado a outros ingredientes. Uma delícia! Também me recordo de um senhor que passava vendendo quebra-queixo, uma espécie de cocada ou sei lá o que, que de tão liguento, grudava nos dentes. Do algodão-doce. Dos suspiros. Das castanhas. E de um cordão de côcos que o vendedor trazia pendurados no pescoço. E nós lá, comíamos tudo, sem se preocupar com higiene ou coisas parecida. Das chuvas também no final da tarde. Ficávamos todos numa inquietação só, dentro de casa só esperando um sinal positivo dos pais pra cair na rua. Era uma farra. Das brincadeiras de "guerra-guerriou", "peinha-queimada", "barra-bandeira", "sete-pecados", de se "esconder", entre tantas outras. Meu Deus, parece que foi ontem. Das reuniões intermináveis que começavam logo ao cair da noite. Como tínhamos assunto! Das aventuras em subir morro, casas em construção, brincando de "é ingancho", brincadeira que se dava em fazer uma determinada coisa em que todos tinham que repetir, se não era taxado de mole, de "mulher do padre" e por ai vai. Um bando de moleque que se divertia apenas em estar na companhia da sua turma, com suas fofocas, conversas, piadas. Uma infância cheia de meninice e que guardo como um tesouro de pirata. Ainda lembro.

2 comentários:

Carlos Eduardo disse...

AMEI SEU TEXTO!
PARABÉNS!
E O ROSÁRIO DE COCO ERA DE BABAÇU.

Gessi disse...

Menino...li o artigo memorial com o riso nos lábios...É bom saber q tivemos essa infância juntos e lembrar o qto aprontamos! kkk...E o q está no baú, ficará lá, viu?! Será resgatado apenas para ser assunto d nossas "reuniões". kkk