terça-feira, 4 de maio de 2010

De pequenas coisas

Uma pequena fila se formava logo no início da noite. Mal as luzes se acendiam e todos estavm lá, para garantir o seu lugar, o melhor lugar. Fragrâncias passeavam ao vento espalhando a liberdade de escolha. Cabelos ainda molhados revelavam a impaciência em se aprontar para tal evento. As mães queriam caprichar na roupa, no penteado, no perfume, mas os filhos queriam mesmo era estar lá, de prontidão para não perder nenhum acontecimento, nem mesmo antes da grande cortina vermelha se abrir. Era uma novidade que, apesar de não apresentar nada de tão novo assim, sempre trazia expectativas. Um beijo de relance e os pés já se encontravam apressados pelas ruas que levavam até a grande hora. O empurra empurra era de costume. Ninguém queria ser o último a entrar. Bem acima das cabeças nervosas, o colorido de lonas gigantes aguçavam mais ainda a curiosidade. Todos querendo advinhar o que ia se passar lá dentro, embora quase sempre soubessem. Os pensamentos eram povoados por mulheres barbadas, talvez, por homens pequeninos, palhaços, animais ferozes, trapezistas, malabaristas. Algo que tivesse sido visto em outro show. Mas nada tirava o brilho, nada fazia com que a respiração ficasse mais ofegante e o coraçãozinho mais palpitante. Antes mesmo de entrar, já imaginavam-se as cenas, as gargalhadas, as brincadeiras dos palhaços, momento mais esperado por todos. Já dentro, o sonho realizado, o sorriso de satisfação, a cara abobalhada diante dos mágicos, a respiração que deixava todos suspensos. A magia mais uma vez se repetia. As expectativas mais uma vez atendidas. Aplausos e mais aplausos. Um aceno e a cortina se fecha guardando seus outros segredos que serão revelados em mais uma noite de espera. E o alvoroço, mais uma vez, dá lugar a calmaria para uma nova espera, para novas sonhos. Um mundo de sonhos feito de pequenas coisas.

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